sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Eu fico esperando uma ligação...




Sofremos conseqüências quando resolvemos escolher. Escolher traz peso. Era melhor, talvez, eu optar por ser uma pessoa “normal” que se submete a pegar o ônibus lotado às 6h da manhã e sai dele direto para o metrô lotado, onde você respira o mesmo ar que as pessoas que você nem conhece.


Eu poderia ser mais uma infeliz que sai desse metro lotado na estação da Sé e pega mais um pro Jabaquara, pra descer sabe lá aonde e chegar ao trabalho às 8h pra sair às 18h.

Eu poderia ser mais uma assalariada do Brasil, onde o salário não paga o trabalho e o trabalho não paga o produto da prateleira do supermercado.

Eu agüentaria todos os desaforos dos meus chefes, também assalariados, que obedecem a uma hierarquia preferencialmente vinda do exterior, que se preocupa muito em trazer uns míseros benefícios a essa liderança em troca de resultados. Talvez eu brigasse junto aos sindicatos comprados pelas empresas, por uma participação de lucros no final do ano. Mas o bom mesmo seria eu processa-los após ser demitida e saber que pelo menos as leis trabalhistas do meu país funcionam. Sim, por que as que garantem saúde, educação e principalmente cultura, essas são como se não existissem.


Coitada de mim, afinal eu nasci em uma família simples, tudo o que meu pai e minha mãe conseguiram foi com muito esforço e trabalho, nestes moldes ai, se não piores.


Eu não sou negra, não tenho cota na USP, talvez eu devesse criar um movimento que trouxesse benefícios também aos morenos, aos índios, aos brancos órfãos... A minoria se defende meu irmão...


Mas eu realmente não tenho pedigree e nasci artista. A fome pra mim é poema, a morte é pintura, o desejo é uma coreografia que nunca esta boa. Meu caminho é colorido pela interpretação da vida de pessoas que eu não sei se existiram ou não. Meu coração é assim. Não consigo cumprimentar sem sorriso e nem dar um bom dia apático, porque eu nunca saio de casa sem olhar pro céu. E faça chuva ou faça sol ele sempre está lá, lindo e imenso.

Se eu der um abraço ele não é de meio corpo e a música sempre chega aos meus ouvidos com uma facilidade absurda.


A questão é que eu não quero viver em um mundo robotizado, onde o dinheiro vale mais do que as vidas. Eu não quero ser mais um número das estatísticas do transporte coletivo. Eu nunca vou me tornar capacho de pessoas que não merecem minha atenção. Por que eu me recuso. Porque eu escolhi assim e quando nos damos o “luxo” de escolher temos que nos dar o “luxo” de sermos diferentes. E a gente sofre...

Pronto desabafei.

24/07/08

Imperdível!


Um homem está dirigindo seu carro em uma grande metrópole quando percebe algo estranho em seus olhos. Sem nenhum motivo, ele ficou cego de uma hora para outra. Sua cegueira, diferente do normal, é branca. Apavorado, o homem volta para casa com a ajuda de alguns pedestres e pede à esposa que o leve urgentemente ao oftalmologista. Lá, o médico (Mark Ruffalo) constata que nada há de errado com a visão do paciente, apesar dos estranhos sintomas.

No dia seguinte, porém, a maioria das pessoas que teve algum contato com aquele homem fica cega, inclusive o próprio médico. A ministra da saúde (Sandra Oh), sem entender o fenômeno da epidemia de cegueira branca, tenta acalmar a população, enquanto o governo toma medidas para conter os infectados, que ficam em quarentena em um grande hospital abandonado. Apenas uma pessoa naquele lugar consegue enxergar, a mulher do médico (Julianne Moore), que tenta esconder sua vantagem, apesar de fazer o máximo para ajudar a todos.

Com o avanço da doença, o local fica cada vez mais cheio. A comida começa a faltar e a sujeira toma conta dos quartos e corredores. A convivência vai tornando nítida a personalidade e o lado mais sombrio dos internos, principalmente do auto-denominado Rei da Ala 3 (Gael Garcia Bernal), que decide tomar conta de toda a alimentação, cobrando de quem não quiser morrer de fome. Quando ninguém mais tem condições de pagar para comer, os homens da Ala 3 decidem que darão alimento em troca de favores sexuais. A partir de então, a mulher do médico percebe que deve tomar uma atitude.

Ensaio Sobre a Cegueira é baseado no livro de mesmo nome do vencedor do Nobel de literatura, o português José Saramago. Apesar de ser tratado como uma produção hollywoodiana, o filme não tem participação estadunidense, apenas de Brasil, Japão e Canadá. A maioria das cenas de exterior foram feitas em São Paulo, por opção do diretor Fernando Meirelles, e em Montevidéu, terra natal do diretor de fotografia, César Charlone. O roteiro foi adaptado por Don McKellar, que no filme aparece como o ladrão que rouba o primeiro cego.

Fotos: Alexandre Ermel e Ken Woroner